Sinais clínicos

A Angiostrongilose canina pode manifestar-se de forma muito variável e, numa fase inicial de infecção, a Angiostrongilose pode até ser assintomática – ou seja, sem qualquer demonstração de alterações clínicas.

A sintomatologia pode ser ligeira e apresentar-se e de uma forma intermitente, em que os animais infectados nem sempre demonstram alterações clínicas ou apresentar-se de forma grave e com alterações potencialmente fatais em casos de infecção crónica.

Os sinais clínicos mais comuns dependem em certa parte da carga parasitária dos cães infectados, e estão associados ao ciclo de vida e desenvolvimento do parasita no interior dos hospedeiros definitivos, neste caso – o cão.

Assim, os sinais clínicos mais comuns em infecções pelo Parasita do Pulmão dizem respeito a alterações cardio-respiratórias, hematológicas (no sangue) e neurológicas (que afectam o sistema nervoso).

Os sinais cardio-respiratórios podem incluir:

  • tosse
  • dificuldade respiratória (dispneia)
  • respiração acelerada e superficial (taquipneia)
  • intolerância ao exercício
  • síncope (colapso)

Os sinais neurológicos podem manifestar-se como:

  • depressão
  • paralisia de membros
  • dificuldades de locomoção
  • alterações oculares
  • cegueira
  • convulsões

Os sintomas hematológicos (alterações sanguíneas), estão relacionados com a interferência nos processos de coagulação. Assim, pode observar-se:

  • pequenos focos de hemorragia na pele (petéquias)
  • focos de maiores dimensões (equimoses) na pele e mucosas
  • hemorragias extensas
  • anemia

Outros factores que podem influenciar os sinais clínicos são a idade, a presença de doenças concomitantes e o estado imunitário dos animais. Geralmente, pela sua natural curiosidade e comportamento, os animais mais jovens (com menos de um ano de idade) são os mais afectados. Contudo, podem observar-se casos de infecção pelo Parasita do Pulmão em cães de todas as idades.

O facto de os animais também poderem apresentar outras doenças concomitantes (doenças cardíacas ou respiratórias, endócrinas, etc) pode agravar a manifestação dos sinais clínicos de Angiostrongilose.

Diagnóstico

Uma vez que um cão infectado com o Parasita do Pulmão pode apresentar uma série de sinais pouco específicos, os mesmos têm de ser considerados em conjunto. Desta forma, é comum recorrer a uma série de testes desde análises sanguíneas a exames radiográficos e de imagem avançada.

Contudo, existem métodos capazes de indicar um diagnóstico definitivo de Angiostrongilose.

Este diagnóstico definitivo pode ser alcançado através de coprologia (cultura e testes às fezes dos animais) e mais concretamente através de um método chamado teste de Baermann. A presença de parasitas detectados por este método confirma o diagnóstico, mas a ausência de larvas não exclui que possa existir a doença.

É também possível alcançar um diagnóstico definitivo de Angiostrongilose através de testes serológicos. Estes testes são mais rápidos que a coprologia e permitem a detecção de antigénios específicos do parasita Angiostrongylus vasorum no sangue de animais infectados.

Outros métodos disponíveis, mas menos comuns, incluem métodos moleculares (como o PCR) ou lavagens broncoalveolares.

Uma vez que os métodos radiográficos (radiografias e imagem avançada como TAC) têm frequentemente resultados pouco específicos, não permitem um diagnóstico definitivo de Angiostrongilose. No entanto, são úteis e muito importantes para compreender as lesões existentes (a nível pulmonar e neurológico, por exemplo).

A ecocardiografia pode também ser útil na avaliação de potenciais lesões às câmaras cardíacas, válvulas e vasos, uma vez que o parasita se aloja na artéria pulmonar e no pulmão.

As alterações hematológicas e bioquímicas em animais infectados com o Parasita do Pulmão parecem ser algo variáveis e por isso, também pouco específicas. Ainda assim, poderão ser encontradas alterações sugestivas de processos inflamatórios ou infecciosos e elevações nas proteínas (entre as quais as globulinas), podendo levantar então uma suspeita para respostas imunitárias e/ou parasitárias.

Tratamento e prevenção

Felizmente a Angiostrongilose tem tratamento, e que em primeiro lugar deve ser orientado à eliminação do parasita e ao controlo dos sinais clínicos. O Parasita do Pulmão é sensível a alguns agentes antiparasitários e existem diferentes protocolos que podem ser utilizados para o seu controlo.

A necessidade de internamento dos animais infectados depende da gravidade das lesões e dos sinais clínicos manifestados. No entanto, e ainda que possam ser ligeiros, o controlo dos sinais clínicos é essencial de forma a garantir uma recuperação célere e a diminuição da possibilidade de lesões permanentes.

Após tratamento, a maioria dos animais infectados recupera completamente. O tempo de recuperação é variável e depende da gravidade das lesões e da carga parasitária. Contudo, quanto mais precoce for o tratamento melhores as possibilidades de recuperação.

Em áreas onde se sabe que existe possibilidade de infeção, o melhor procedimento é a prevenção, administrando aos nossos cães desparasitantes adequados, de forma regular. Na prevenção específica de Angiostrongylus vasorum, recomenda-se a utilização mensal de desparasitantes internos com efeito reconhecido sobre o parasita A. vasorum.

Outras medidas de prevenção passam por evitar a disseminação dos parasitas que pode, e deve, ser feita através da recolha das fezes dos nossos animais. Desta forma, a possibilidade de infecção de outros animais baixa e o ciclo de vida do parasita é interrompido.

A melhor recomendação é a prevenção – garantir que mantém a desparasitação do seu cão em dia, recorrendo a produtos adequados e não esquecendo a sua administração.

É importante lembrar que a administração dos antiparasitários  deve ser ajustada ao peso do seu cão, aos perigos específicos da sua zona geográfica e ao estilo de vida que proporciona ao seu cão (acesso exterior, contacto com espaços verdes, etc).

Na dúvida, consulte o seu Médico Veterinário que lhe indicará a melhor solução para manter os seus animais de estimação protegidos e seguros.

Comentários (1)

    • Jp
    • 2022-06-29 10:45:07
    Pessimo artigo

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